Quão profunda é a crise na China?
Quão profunda é a crise na China? A situação para trabalhadores e jovens na China em 2024 é gravíssima. Os salários estão caindo e o desemprego subindo. Mais de um em cada cinco jovens com menos de 25 anos está desempregado. A situação é tão crítica que o
Governo oculta os números reais. As disputas trabalhistas mais que dobraram em 2023 em comparação com o ano anterior. No setor manufatureiro, o número de protestos e greves aumentou dez vezes em 2023. Ao invés de recuperação econômica, o ano passado viu intermináveis fechamentos de fábricas e demissões.
90% das disputas trabalhistas são sobre salários ou indenizações não pagas. O mercado imobiliário da China é de longe o maior do mundo. E ele colapsou. O setor imobiliário costumava impulsionar 30% da economia chinesa. Mas no ano passado, a construção de novas moradias caiu para apenas 40% do nível de 2020.
É por isso que a “japonização” é um grande tema em alta entre os economistas. A crise da China se parece muito com a crise que parou o crescimento da economia japonesa. Assim como o Japão na década de 1990, a bolha imobiliária da China entrou em colapso, deixando enormes dívidas.
A dívida total da China agora é três vezes maior que seu PIB. Mas a crise da China é maior que a do Japão. A China agora tem apartamentos vazios suficientes para abrigar 500 milhões de pessoas, ou talvez muito mais. Um ex-funcionário do governo aposentado disse que
“nem mesmo 1,3 bilhão de pessoas” poderiam preencher todas as casas vazias. Quando há um excesso de capacidade tão grande, o resultado é a deflação. Isso significa preços em queda, o que também arrastou a economia japonesa para baixo por décadas. Outra característica da crise é o encolhimento da população chinesa.
A Índia ultrapassou a China como a nação mais populosa, e a população da China está muito mais velha. A população economicamente ativa (de 16 a 59 anos) diminuiu 52 milhões na última década. Isso é a perda de uma Coreia do Sul ou um Sudão em apenas 10 anos.
Em 50 anos, a China terá mais aposentados do que pessoas em idade produtiva. O capitalismo e as políticas da ditadura são a causa da crise populacional. A política do filho único foi promulgada em 1978, quando a China começou seu retorno ao capitalismo. Hoje, há 32 milhões a mais de homens do
Que mulheres com menos de 20 anos. Xi Jinping acabou com a política do filho único em 2015, mas a crise populacional só piorou. Agora, a ditadura pede às mulheres chinesas que adotem uma “nova cultura de casamento e maternidade”. O aborto é mais difícil de obter, assim como o divórcio.
Mas a China é o segundo país mais caro para se criar um filho. Na China, custa 50% a mais do que nos Estados Unidos ou no Japão para criar um filho. Então, a propaganda do regime não está tendo efeito e a taxa de natalidade continua caindo.
O regime de Xi Jinping está intensificando seus ataques ao feminismo, que considera uma “importação do Ocidente”. Ele chama o feminismo de “câncer da internet”. Da mesma forma, sites e grupos de apoio da comunidade LGBTQIA+ são processados e fechados. O PCCh diz que todas essas são “influências anti-China”.
À medida que a crise capitalista se aprofunda, as disputas imperialistas pelo poder entre a China e os Estados Unidos se intensificam. O distensionamento alcançado quando Xi se reuniu com Joe Biden na Califórnia em novembro passado é instável e superficial. Ambos os lados têm motivos para favorecer
Uma “pausa”, mas nos bastidores o conflito está se intensificando. O imperialismo é a etapa superior do capitalismo, como explicou Lenin. Não se trata de uma política que um governo escolhe seguir ou não. Faz parte da própria natureza do capitalismo, quando ele atinge o estágio imperialista,
Tentar dominar o máximo possível do mercado mundial. Sob o imperialismo, cada grande potência tenta enfraquecer seus rivais, por meio de pressão econômica e também militar. Atualmente, o imperialismo dos EUA e da China estão construindo blocos com seus aliados e pressionando por uma rápida militarização.
O mundo foi lançado em uma nova e perigosa era. O resultado inevitável é o aumento do nacionalismo, das guerras comerciais, das crises militares e conflitos armados. As economias dos EUA e da China estão em meio a um “Grande Desacoplamento”. Isso faz com que a globalização neoliberal
De quase três décadas dê marcha à ré. A única força social que pode resistir a essa guerra não tão fria é a classe trabalhadora. Trabalhadores da China precisam da solidariedade de trabalhadores de países ocidentais, que têm direitos e organizações sindicais. Trabalhadores do Oriente e do Ocidente precisam unir suas lutas para
Enfraquecer e derrotar os governos capitalistas que fomentam a guerra em todos os lugares. Os protestos de massas ao redor do mundo de solidariedade contra a terrível guerra do governo israelense em Gaza mostram o que é necessário. Trabalhadores na China precisam de sindicatos independentes para resistir a demissões,
Cortes salariais, excesso de trabalho e exploração brutal. Mulheres e jovens também precisam se organizar para conquistar direitos básicos. Todas essas coisas só podem ser realizadas por meio da luta de massas contra a ditadura. O conflito imperialista não é entre “democracia” e “ditadura”. É entre blocos capitalistas que querem ganhar
vantagem sobre seus oponentes. Os regimes capitalistas podem alternar entre o apoio à democracia e à ditadura quando isso convém a seus interesses de poder. O imperialismo estadunidense apoia financeiramente 75% das ditaduras do mundo. Os principais executivos da Apple, Boeing, Pfizer e outras empresas dos EUA aplaudiram
De pé Xi Jinping quando ele participou de um banquete na Califórnia em 2023. A verdadeira luta contra a ditadura e por direitos democráticos genuínos só pode ser travada de baixo para cima. É uma luta de massas para derrubar o sistema capitalista. O capitalismo muitas vezes se disfarça de
“democrático”, mas somente se os ricos e os poderosos controlarem o poder do Estado. Como socialistas, estamos na linha de frente da luta contra a ditadura, o nacionalismo e o imperialismo. Nossa luta rejeita resolutamente todos os governos imperialistas. A saída para a crise atual é, como disse Karl Marx,
“Trabalhadores do mundo, uni-vos!” Apoie nosso trabalho por meio de doações.
Vídeo produzido por chinaworker.info e ASI em conjunto com a campanha Solidariedade contra a Repressão na China e em Hong Kong.
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Podia traduzir.