Governo e Empresas: Uma Aliança Que Estagnou o Japão?

Governo e Empresas: Uma Aliança Que Estagnou o Japão?

como é que o modelo corporativo japonês ao qual você também já se referiu o Caietsu Cairetsu eh e essas tradições de estabilidade no emprego como é que elas influenciam as reformas econômicas atuais eu acho que o Japão até na política ele é muito tradicionalista né o Partido Liberal Japonês ele ele tá lá desde o pós-guerra né então eh eu acho que o poder o Japão tem esse problema né lá o poder econômico se traduziu em poder político como é comum em qualquer país capitalista né o poder político tá diretamente influenciado pelo poder econômico e a própria tradição né a tradição que é o inverso do que aconteceu na China né eh a tradição apesar de ser também um país oriental a tradição política eh japonesa vem da tradição das grandes corporações né elas têm grandes influências sobre os rumos da política eh do estado japonês então eu acho que isso também dificulta essa inovação em decisões políticas né me parece que as decisões políticas eh principalmente as decisões ligadas à economia são muito parecidas ao longo do tempo eh e essa grande influência desses grandes conglomerados que aí incluem os grandes bancos também tem grande influência sobre o poder político e eu acho que esse é um problema que o Japão vai ter que enfrentar em algum momento né eu não eu tal talvez essa esse grande esse grande problema assim enfrentado seja enfrentar o próprio modelo capitalista eh que foi implementado no Japão apesar de ser um estado desenvolvimentista é um uma espécie de capitalismo de compadrio né onde tá ali envolvido o governo empresas e bancos eh e não sai desse ciclo né então o governo tá sempre dominado pelas empresas e pelos bancos também eh nesse capitalismo de compadril o que deu certo durante um tempo mas acho que nos momentos atuais o Japão em algum momento vai ter que enfrentar não só o Japão como vários países capitalistas inclusive o nosso né a gente também talvez tenha aqui esse capitalismo de compadrilo né a gente não tem a fórmula organizada que que tem no Japão mas aqui também são as grandes empresas e os grandes bancos que mandam no governo né em termos práticos o que que seria enfrentar o capitalismo de compadre no Japão o que que significaria fazer diferente eh Breno acho que o grande é a mesma coisa nossa que o Japão tem tem tradições né talvez tenha mais dificuldades do que nós mas eu acho que o capitalismo em algum momento o modelo capitalista tem que ser enfrentado né tem que ser enfrentado pela classe trabalhadora eh o os Estados Unidos tratou de de evitar esse essas revoluções lá no passado né assim como ele tentou via guerra evitar na Coreia e no Vietnã eh e na China ele não teve como que a revolução comunista chinesa foi logo no pós-guerra então o o a classe trabalhadora japonesa em algum momento tem que se atentar a isso né só que a tradição japonesa também evita isso né o o povo japonês é um povo muito submisso né você não vê muita subversão eh na população japonesa talvez esse seja um grande um grande desafio que o povo japonês tem que enfrentar né entendi agora no Japão existe um partido comunista que tem um certo peso eleitoral né seja que consegue fazer ali 10% dos votos 8% dos votos quer dizer tem uma parte da que não é desprezível da população japonesa que vota no Partido Comunista né sim eh eu acho que o mundo todo né a gente aqui também talvez esteja próximo disso aí se a gente for pensar em esquerda no Brasil né eh eu acho que eu vejo dificuldade Breno no Japão até mais do que no Brasil né da gente pensar em alguma coisa mais mais de enfrentamento a ao modelo capitalista né eh mas obviamente a população japonesa tem como eu disse eu tô falando de forma geral mas você vê ali algumas eu falei não tem sindicato mas você vê trabalhadores em algum momento tentando se organizar e se revoltar contra o sistema né eh a própria o próprio Partido Comunista Japonês como você falou tem uma certa representatividade eh eu me lembro que nos anos 90 no auge da crise o Partido Comunista chegou a quase 15% dos votos né acho que em 98 por causa da crise né é talvez talvez as grandes crises são sejam o momento de grandes reflexões na sociedade né sobre o modelo de que de que ela foi submetida né porque os salários no Japão estão estagnados desde desde época né são 30 mais de 30 anos de estagnação em valor real né agora o que que foi no na imprensa econômica a gente ouvia muito uma expressão que era a abenomic o AB era o primeiro ministro do Japão né é o Xinzo AB e qual foi o que por que essa política foi importante porque que ela ela tinha tanta repercussão e ela de fato foi capaz de empurrar o Japão para fora da estagnação na verdade foram políticas com tentativas eh diferentes né mas eu acho que ainda foi políticas econômicas que visavam muito mais eh a parte digamos não urbana do que a parte urbana no Japão né e e os ganhos de produtividade na economia vem da da parte urbana né da do do processo industrial então que não deu certo né acabou mostrando que não deu certo eh você não teve ganhos de produtividade e hoje quando você olha pro Aenôxic o Japão continua no com os mesmos problemas né já fora formas de estruturais depois de dos anos 90 não não teve é não teve nenhuma mudança estrutural na economia japonesa se você olhar para trás hoje a gente a gente o Japão continua com o mesmo problema né os salários não retornaram ainda a ao que foi os níveis da década de 90 de 1990 eh o Japão continua com os mesmos problemas o Aenôix talvez pudesse até ter criado esse o mesmo problema que criou lá depois do do acord de plaza né os incentivos de crédito na economia com os incentivos de consumo talvez não criou porque o sistema tributário eh não permitiu dessa dessa vez não permitiu que isso acontecesse mas hoje o Japão não só tá com os mesmos problemas lá de trás como agora eh conseguiu ter uma inflação mas obviamente não pelo aumento do consumo mas uma inflação importada aí com a guerra tarifária o que o que é um grande é um grande problema tá eh quando eu falo desse sistema financeiro mundial hoje o Japão parou de controlar a a curva de juros né desde 2 ali início de 24 o Japão depois do da durante a pandemia ele controlava era dos únicos bancos centrais que controlava a curva de juros que é simplesmente comprar os títulos da dívida pública de longo prazo tanto que o Banco Central Japonês hoje tem mais de 52% da dívida total do Japão é do Banco Central Japonês né o Banco Central compra os títulos do tesouro japonês eh e ele parou de fazer esse movimento e pela primeira vez na história agora o Japão teve dificuldades de colocar dívida no mercado né porque dada a taxa de inflação que foi importada com a guerra tarifária o mercado começa a exigir uma taxa de juros maior né para ter um rendimento real tem operado com juros negativos um bom tempo né operou com juros negativos é o taxa de juros era zero né e com por menor que fosse o nível de inflação era taxa de juros negativa só que hoje com a taxa de juro o a inflação no no Japão tá até maior que os Estados Unidos eu vi um dado ontem se não me engano 3.6% é o a inflação no Japão então hoje se exige uma taxa de juros maior justamente para ter o rendimento real e o Banco Central Japonês parou de controlar a curva de juros futuro né a curva de juros futuro tá subindo e isso tem um efeito na economia também porque todos os investimentos que são feitos hoje são feitos com base na taxa de juros de longo prazo né não na taxa de juros de curto prazo então talvez o Japão hoje tenha problemas aí a ser enfrentado de forma mais dinâmica né talvez com um pouquinho mais de inovação aí nas decisões econômicas para enfrentar esse problema que são problemas que ele nunca teve né m

Governo e Empresas: Uma Aliança Que Estagnou o Japão?

Neste trecho da entrevista ao canal Opera Mundi, José Kobori explica como o capitalismo de compadrio moldou a economia japonesa e por que esse modelo, baseado em relações próximas entre governo, bancos e grandes empresas, contribuiu para a estagnação econômica do país.

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