FMI pede cautela ao Banco do Japão nos aumentos de juros

O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou que o Banco do Japão (BOJ) adote uma postura “muito gradual” ao aumentar as taxas de juros, diante da incerteza que ainda cerca o comércio global e as perspectivas econômicas do país.

Segundo Nada Choueiri, vice-diretora do Departamento da Ásia e Pacífico do FMI, a economia japonesa vem apresentando um desempenho melhor do que o esperado, com consumo e exportações fortes. No entanto, o cenário internacional ainda representa riscos, especialmente por causa das tensões comerciais entre Estados Unidos e China e da possibilidade de uma mudança nas condições financeiras globais.

Choueiri destacou que é importante que o BOJ avance com cautela, analisando atentamente os dados antes de novos aumentos de juros.

“O gradualismo é essencial diante do atual nível de incerteza”, afirmou.

🏦 O Banco do Japão encerrou no ano passado seu programa de estímulo de uma década e elevou a taxa básica de juros para 0,5%, acreditando que o país estava próximo de atingir de forma duradoura a meta de inflação de 2%.

Mesmo assim, a inflação dos alimentos e a desvalorização do iene continuam pressionando os preços, o que deixa o banco central em uma posição delicada. Dois membros do conselho chegaram a defender um novo aumento em setembro, mas a proposta não foi aprovada.

Choueiri ressaltou que não há sinais de superaquecimento na economia e que os efeitos da fraqueza do iene sobre a inflação permanecem limitados.

“Não acreditamos que o Banco do Japão esteja atrasado em suas ações”, disse.

No campo político, o cenário também é incerto. A candidatura de Sanae Takaichi para se tornar a primeira mulher primeira-ministra do Japão enfrenta dificuldades, após a saída de um parceiro da coalizão governista. O governo ainda lida com a insatisfação popular devido à alta dos preços e discute medidas de apoio às famílias.

O FMI recomenda que o Japão mantenha o foco na responsabilidade fiscal, com planos de gastos temporários e bem direcionados às famílias de baixa renda.

“Quando os preços se estabilizarem, o governo deve começar a retirar os estímulos”, concluiu Choueiri.

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