Forças do Brasil – O Carnaval que escancara a segregação, com Juarez Xavier
[Música] olá olá olá boa noite são exatamente 18:1 deste sábado sábado 17 de Fevereiro de 2024 Estamos dando início a mais um forças do Brasil aqui pela TV 247 Muito obrigado pela sua audiência Muito obrigado pela pela presença especial do Joarez Xavier que é o nosso convidado
De hoje e que a quem eu queria agradecer muito boa noite Joarez muito obrigado por aceitar o meu convite É uma honra ter você no programa obrigado máo a honra é toda minha mim é um prazer estar com você nós vamos conversar sobre qu nós vamos conversar sobre sobre vida
Vida e e eu vou antes de gente conversar eu vou apresentar o Joarez o Joarez Tadeu de Paula Xavier eh um homem negro ele é ativista antiracista jornalista docente na Universidade Estadual Paulista no curso de jornalismo Na graduação e no programa de pós-graduação em mídia e tecnologia membro da comissão de averiguação das
Autodeclarações para pretos e pardos no vestibular coordenador do grupo de pesquisa Núcleo de Estudos e observação em economia criativa neoc criativa que estuda mídia Artes urbanas eh a tecnologia social e relações interse interseccionais de gênero classes e étnico-raciais e vice-diretor da faculdade de arquitetura Artes comunicação e design na cidade de Bauru eh
Eh a todos vocês que estão nos acompanhando sabem que estamos ao vivo eh que e e que vocês podem enviar questões manifestações eh dúvidas informações contestações a respeito da nossa conversa que nós teremos hoje o o o tema que a gente vai tratar a gente chamou o Carnaval que escancara a
Segregação e o o vamos dizer assim o gancho o motivo para essa nossa conversa eh eh eh eh que é apenas uma entrada para outros assuntos e para para uma escala maior desse mesmo assunto e a polêmica em relação a a ao desfile de um carro alegórico na escola de samba Vai
Vai eh aqui em São Paulo eh no sábado de carnaval aqui trazia eh enfim um enredo que era um enredo sobre cultura popular sobre o Hip Hop ah na cidade de São Paulo manifestação muito importante Especialmente na periferia e nesse nesse enredo enfim constava de várias coisas havia um carro alegórico
Que a trazia eh trazia digamos policiais e de vestidos ou fantasiados de diabos de demônios com chifres e isso causou uma como se sabe uma uma um protesto de pessoas inclusive especialmente ligadas a setores vamos dizer assim ligados à polícia e protestaram contra as críticas eh que o desfile trazia à polícia Então
É isso o tema que nós vamos tratar e e e e essa como é que eu posso dizer essa representação da polícia nessas cores críticas né ou eh que aliás também tem a ver com o o o o a presença dos Racionais Mc Mcs no o
Grupo de hip hop eh o que trata também desse tema do racismo havia uma referência ao ao massacre do Carandiru uma alusão ao massacre do Carandiru eh onde morreram 111 presos a maioria negros eh então havia toda essa ressurgência de um tema que gerou essa polêmica essa
Discussão e essa revolta depois a vai vai veio a público e se e se explicou a respeito do tema eh dizendo que basicamente que a escola tem o direito de ter exercer críticas culturais de uma maneira no espírito do carnaval e críticas políticas também eh da maneira como os negros são tratados
Eh na na enfim pela polícia é isso que Quais são suas impressões a respeito desse tema juare bom Mário eu acho que que eh toda a polêmica foi construída a partir do momento em que a escola decidiu trazer paraa Avenida a discussão sobre o rap né
Eh nós estamos fazendo uns 50 anos do rap no mundo e ent do Brasil e ao fazer o levantamento dos dados para poder constituir enredo uma das questões centrais da denúncia do hip hop e a violência violência social violência política e a violência policial né a
Tônica foi a tônica do do hip hop nos Estados Unidos ele surge eh Há 50 anos atrás muito baseada na na experiência dos panteras negras e a questão da violência policial era um Ponto Central e no Brasil também surge há 40 anos e também embalado numa ação política de
Denúncia da violência social política e também eh policial então desde o momento que surgiu o tema né uma série de ações começaram a ser eh eh acionadas em relação à escola de samba e teve o pronunciamento lamentável penso eu do governador do Estado endossando uma fala de um deputado estadual criticando na
Escola de samba e dizendo que se fizesse parte do Júri provavelmente daria zero para pro enredo da escola de S desconhecendo inclusive o processo de organização e avalização das escolas de sama então aí gerou-se essa polêmica né gerou-se essa polêmica entretanto isso que me parece mais importante a ideia
Central do enredo é fazer uma denúncia da situação de brutalidade e violência na qual vive a juventude negra no Bras né o objetivo Central era fazer essa crítica eh a essa brutalidade que implica eh um processo brutal de repressão um processo brutal e profundamente discriminatório na na no sistema de
Judiciário né há dados sobre isso né há dados do núcleo de estudo de violência da USP mostrando isso como jovens negros são mais condenados que jovens brancos e é o processo da brutalidade mesmo do aniquilamento da violência então a escola trouxe isso pra Avenida E isso incomodou lamentavelmente os setores
Mais eh retrógrados reacionários e não comprometidos com a política de inclusão social inclusive uma coisa muito interessante a deputada estadual Lu Brandão escreveu um pronunciamento ela está em licença eh médica portanto não tá participando das sessões da Assembleia e o deputado eh suplici eh eh apareceu na n no plenário e fez a
Leitura leitura da carta dela suplice fez a leitura da carta dela e na carta ela fala isso n há um comprometimento da cultura da música popular com as aspirações democráticas de vida de saúde de Bem Viver da população negra particularmente dos jovens e o compromisso do mandato dela assim como
Suplici é com essa pauta política então creio eu que essa manifestação se deu no contexto de uma não compreensão ou de uma não eh não aceitar o debate político que estava em curso no no enredo que a violência contra jovens negros há uma eu já vou falar primeiro eu vou ler
Alguns vou agradecer a audiência pedir que compartilhem esse nosso o link Desse nosso encontro com as pessoas que vocês julgam que possam ter interesse nesse conteúdo assim a gente engana o algoritmo e ele e ele aparentemente passa a perceber que nós somos relevantes importantes e e nos classifica nos promove sabe se lá
Como eh é um pouco não é tão transparente isso né mas enfim parece que há essa convicção compartilhem deem likes deem um joinha aí na na transmissão do YouTube ah e e e se você quiser você pode se tornar membro da TV 247 membro solidário eh assinar na a TV 247 em em
Brasil247.com bar apoio e e você pode também ser eh eh eh doar fazer doações Pela chave piix @brasil 247.com.br você pode enviar manifestações na nossa área de comentários super stickers e super chats que a gente procura ali aqui também a saudar a chegada de Clélia barquetto como nova membra o André
Bassou o Sinai Sander Marco Laura Nogueira Antônio Brito Raquel nikolsky elizabe Santana eh James frique E então muito bem-vindos todos eh obrigado pela pela sua preferência nesse nosso local eh eh que que eu ia te falar eh eu ia falar o seguinte quer dizer então Eh aconteceu o desfile Houve essa
Polêmica você acha que eh tá havendo uma maior tolerância social as questões eh do racismo e e e e e as críticas ao comportamento policial as estratégias policiais eh especialmente em relação a aos pobres especialmente dentro dos Pobres em geral né Não só dentro dos Pobres Aos aos pessoas negras essa é uma
Pergunta que eu queria que você se nos ajudasse a esclarecer se nós estamos avançando ou recuando às vezes eu tenho dúvida se nós estamos avançando por essa rela por essa reação essa bancada da bala aí e a impressão que dá é que essas pessoas são mais a favor mesmo é do extermínios
Social viu Joarez ó a gente isso acontece no momento em que por causa de uma do assassinato de um policial em na Baixada Santista a criou-se a tal operação escudo que já matou até agora 27 pessoas eh e a maioria Claro eh eh negros eh como é que nós estamos estamos
Avançando ou estamos recuando eu acho que tem assim pegando numa linha mais longitudinal acho que a gente tá avançando né eu pego como marco sempre a inauguração do movimento negro moderno que é 1978 com a fundação do movimento negro Unificado contra a discriminação racial né um Marco importante por várias
Razões né primeiro porque faz a atualização do discurso antirracista no Brasil n dos últimos 100 anos a partir de do final do século do século XIX Então a partir desse Marco de 1978 acho que avançou né 10 anos depois nós temos a assembleia nacional constituinte que pela primeira vez criminaliza o racismo
E pensa a possibilidade de ações públicas e ações políticas de ações eh afirmativas né Tais ações foram adotadas pelo mundo afora de 48 a 80 né dos anos 40 80 começando pela índia depois foi se estendendo pelo mundo L fora e o Brasil só vai adotar essas políticas S
Afirmativas no século XX então a constituição ela aponta a necessidade dessas possibilidades e os anos 90 foram anos ricos do debate político sobre essa questão nós tivemos o primeiro encontro nacional de entidades negras em 1991 aqui em São Paulo a presença do grande florestan Fernandes né que abrilhantou o
Debate político foi feito naquele momento Dala é um documento muito importante Mário que é um documento que eh aponta o brasileiro como promotor da violência contra a população negra em 95 4 anos depois esse documento é entregue ao presidente da república Fernando Henrique Cardoso uma grande manifestação
Que teve em Brasília e ele reconhece isso né Há um reconhecimento por parte do Presidente da República desta ação do estado que promove a violência contra a população negra desse período de 95 até agora houve uma aceleração do debate político 2001 houve o congresso a terceira conferência Mundial contra o
Racismo na África do Sul e ela foi importante porque ela apontou para pra militância Negra Mundial três experiências diferentes de enfrentamento ao racismo a dos Estados Unidos que adotara no final do século XIX até 1964 65 a política de Jim crow que era o aparti nos Estados Unidos ou a África do
Su a experiência que vai de 48 A 94 e o Brasil a maior nação negra do mundo que mais escravizou pessoas durante mais tempo e nunca adotar nenhuma política pública de promoção da da inclusão da população negra Então essas três experiências cristalizaram a convicção da necessidade de pensar políticas
Públicas já são afirmativas para que pudesse ter eh redução da violência contra a população negra Então acho que melhorou nesse sentido então nós passamos a ter dados nós não tínhamos dados sobre a presença da população negra onde ela estava qual era a sua relação concreta
Desde de 88 nós passamos A TR a partir dos anos 90 que mostra essa situação eh dramática da população negra nós não tínhamos política de ação afirmativa aparentemente essa política que nós estamos adotando na universidade ela é pontual mas ela é importante né na nossa universidade nós adotamos a partir de
2013 e ela mudou o perfil da Universidade significativamente n nós tínhamos a o ingresso de jovem negros na universidade e o perfil da Universidade né Nós tínhamos por exemplo até a adoção das políticas públicas cerca de 10% de alunos de escola pública na universidade esse ano nós superamos 50% de alunos de
Escola pública então entram jovens negros e entram jovens brancos pobres que não estavam também ingressando na universidade então isso provocou uma mudança que eu acho importante há entretanto uma ruptura nessa linha de crescimento que é justamente o governo que foi derrotado na última eleição pelo presidente Lula foram 4 anos muito duros
Paraa ação política do movimento negro pegando um exemplo concreto as ações envolvidas na Fundação Cultural Palmares impediram que se tivesse qualquer ação de reconhecimento e titulação de terr remanescente Quilombo o resultado foi o aumento da violência contra essa população chegando até a morte brutal de uma
Dentro de de um espaço tombado de um quilombo então houve um um desmonte das políticas e houve na minha opinião a mudança da chave enquanto nós estávamos discutindo a necessidade de políticas públicas de de inclusão da população negra a chave foi mudada para mais repressão contra grupos identificados no
Universo da população negra então houve uma mudança significativa e brutal da orientação a da política nesse sentido foram 4 anos muito ruins paraa ação política do movimento negro e parece-nos agora que a gente volta a ter a possibilidade de rediscutidos de um governo de extrema direita no Brasil que teve por objetivo
Eh eh confrontar todos os avanços e conquistas do movimento nos últimos períodos então a gente pode dizer que nós temos três cenários né Um cenário muito negativo por parte desse desmonte dessas ações que abriu a porta do inferno eu gosto de brincar que eles tiraram o lençol eh do armário e
Passaram a se vesti como membros da ccus clã né Isso é evidente hoje no Brasil a gente fica assustado até com a com a forma eh descarada com que essa essas ações racistas estão eh se dando no Brasil é um cenário que é muito perverso para pra população negra um cenário de
Uma certa fabulação de que houve avanços esses avanços são significativos e importantes são de fato Mas precisamos avançar muito mais do ponto de vista da política pública mas eu gosto de apostar no cenário das possibilidades né o movimento social de negros Voltou a se organizar se rearticular para fazer o
Enfrentamento ao desmonte tem projetos muito importantes sendo desenvolvidos na universidade no mundo do trabalho no movimento social a ampliação do leque da proposta política do movimento negro Acho até que a visita do presidente Lula África é parte de uma ação política de reconhecimento da importância da população negra na construção desse país
E a gente tá avançando eh a partir eh dessas políticas adotadas mais recentemente mas foi um período muito duro os últimos 4 anos porque eles eh tiraram da gaveta né o lençol da cooks clan e passaram a usá-la sem nenhuma vergonha na sociedade brasileira eh algumas dessas dessas
Eh das suas falas me lembram o uma espécie de uma espécie de Catarse Professor sabe uma espécie de Catarse higienista contra esses avanços eh Há uma espécie de irritação um no ar uma espécie de exaustão por parte desses setores que se Ah como é que eu posso dizer que se
Tornam crispados não é professor eh contra os avanços obtidos e não e querem fazer reverter de qualquer maneira eh e para um tempo de maior intolerância não lhe parece sim em todas as áreas Mario né Por exemplo na universidade eu acho que houve O recrudescimento da questão racial houve avanços avanços
Importantes né com ingresso do estudantes mas também recrudescimento né expressões racistas na universidade né nós tivemos caso por exemplo na greve da Unicamp um professor que atacou outro aluno reclamando das p deação afirmativa eh volta-se ter uma uma narrativa eh desconectada da realidade dizendo que houve queda na qualidade da produção
Científica no Brasil muito pelo contrário os dados apontam num sentido diferente dessa questão mas é certo eu acho que tem uma intolerância o não querer conviver e não reconhecer a importância da política pública né inclusive renasce no Brasil uma assustadora tese que foi formulada pela extrema direita nos Estados Unidos de
Que há mais violência contra a população negra porque a população negra está próxima dessas áreas de violência quer dizer a população negra passa a ser responsabilizada pela massa de violência que ela sofre né sem levar em consideração toda a construção política desse processo de segregação então todas
Essas ações elas se articulam no sentido de tentar impedir esses avanços e de demonstrar mesmo né uma certa intolerância uma brutalidade em relação a esses espaços o fanon falava dos espaços do não ser o colonialismo tinha criado espaço de não ser onde a população negra não tinha reconhecida a
Sua humanidade acho que de uma certa forma em algumas áreas esse discurso é aberto nesse sentido de não reconhecer essa humanidade e tentar rechaçar qualquer possibilidade dessa população né nos espaços de cidadania isso se deu na questão do carnaval né se deu uma questão muito eh aguda no carnaval
Porque na verdade o carnaval ele tá demonstrando uma nova disputa pela ocupação do espaço público da cidade n a gente já vai chegar lá a gente já vai chegar lá antes eu queria de perguntar o seguinte vai vai São Paulo é a que aconteceu isso na va é à toa que
Aconteceu isso em São Paulo não não pelo contrário acho que at uma ação dirigida tem uma coisa que eu gosto sempre de lembrar eu cheguei no viiv em 1976 era um enredo em homenagem a Solano Trindade né eu nunca tinha visto como jovem negros tantos pretos juntos nunca
Tinha visto É impressionante o ensaio da do vai é impressionante né é impressionante né E nesse período eh isso era um dado importante o jovem negro não circulava na cidade essa circulação ela passa a ser intensa a partir da presença das escolas de S e dos dos bailes blacks por exemplo Chic
Show promoveu uma ação brutal de de ruptura com esse com essa segregação do jovem negro na periferia de São Paulo a chegar no vaivai foi importante nesse sentido e demonstrou uma coisa que me pareceu extraordinária assim eh eh era a possibilidade de o jovem negro estar no
Centro da cidade de São Paulo em contato com outros jovens trocando informações ideias debates discussão então a vai vai resiste a essa essa segregação para para pereferia né esse processo eugenista como você bem acentuou a partir do final do do século XIX vai sendo arrastada paraa Periferia vai vai Ficou ali né o
Aristocrata Ficou ali né outras organizações não conseguiram resistir Então não é à toa que isso acontece em São Paulo no um momento de disputa política também pela narrativa cultural né Nós temos hoje acho que uma disputa muito interessante que as escolas de samba ao adotarem Tais enredos ela se
Conecta novamente de uma forma muito forte com o movimento negro com os jovens negros da Periferia né E isso provoca um debate uma discussão intensa da ocupação desses territórios na periferia o fun tá fazendo isso o Hip Hop tá fazendo isso os coletivos moos culturais estão fazendo isso acho que na
Realidade esse debate todo ele denuncia uma discussão sobre o debate político cultural na cidade de São Paulo e como ocupar esses espaços né acho que não é à toa que se deu em São Paulo e particularmente nesse momento do carnaval é porque por incrível que pareça eu não
Sei se você concorda comigo São Paulo não se vê como uma cidade negra mas tem mas tem a a maior quantidade de negros do Brasil e tem eu se eu não me engano você me corrija e e e tem tem uma presença enorme de negros tem uma influência cultural Negra grande
Dentro no centro contro na periferia tem essa grande escola de samba que vai vai campeã do carnaval de São Paulo e que se fez com essa identidade negra e com essas conexões que se foram construindo ali dentro dentro né dentro dessa digamos assim dessa comunidade de de identidades ou de presenças de histórias
Eh então eh São Paulo é quase como se são um certo São Paulo reagisse a esse a essa realidade que essa presença Negra não é eh eh própria escola pareceu que me me foi me pareceu muito eh da defensiva senão eh num certo sentido quase que pedindo desculpas por ter eh abrigado
Aquele aquelas críticas à violência contra os negros e a polícia eh tem esse problema mesmo né São Paulo com a sua quem é São Paulo e que e como são Paulo impõe a narrativa sobre si mesma né É você pega por exemplo uma coisa interessante Ó você pega o centro da
Cidade de São Paulo ela eh vem passando por um processo por tal de apagar qualquer digital Negra por exemplo pouquíssimas pessoas sabem onde fica o pelorinho em São Paulo pouquíssimas pessoas né porque foi foi ele foi removido e foi construído uma obra sobre ele né pouquíssimas pessoas sobre a
História de Tebas que foi um arquiteto negro que fez a primeira proposta de um projeto geodésico da Catedral de São Paulo pouquíssimas pessoas sabem onde tá o o cemitério dos Pretos novos pouquíssimas pessoas sabem a história dele do bairro da Liberdade então você passa a ter processos de apagamento
Dessa presença na Liberdade eu achei o avanço maior esse processo de apagamento é colocar liberdade de Japão nada contra a população japonesa asiática que ocupa espaço nada disso é que essa região é região intensa de presença e participação política da população negra né ali perto no Lavapés
Nasce a primeira escola de samba é nessa região que surge em 1900 31 a frente negra brasileira o vai vai tá ali do lado então você tem ali um complexo de ações políticas culturais eh que surge naquele espaço não estão sendo reconhecidos né no caso por exemplo da
Evidência a vai vai uma coisa que chama muita atenção é que a história oral sobre o bexiga dizia que tinha ali um quilombo Quilombo saracura né da do Rio Grand do Rio saracura pequeno e saracura grande e era parte da história oral não se tinha dados com probatórios arqueológicos aí começam as construções
Do metrô e se acham artefatos eh arqueológicos eh eh que que que sugere a existência de um de um de um quilobo aí para a construção do metrô ou seja tenta soterrar a história mas todas as vezes que se mexe nela vai vão surgindo indícios de uma presença cultural negra
Na região então avança eh essa ideia de remoção do vai avança essa ideia de negação do vai vai e a escola de samba eh apesar de ser na minha opinião Mário um dos mais extraordinários arranjos culturais que nós temos no Brasil ela ainda sobrevive de subvenção pública na
Escola de samba ela ainda vive de uma proximidade muito grande com o poder público municipal né tanto em São Paulo como em qualquer lugar no Brasil por exemplo uma das maiores distores distorções disso é que eh na Bahia os grupos afros eles têm uma participação muito pequena né na geração de recursos
E na captação de recurso Carnaval na Bahia né até há pouco tempo nem mesmo esses grupos existiam cerca de quatro décadas pouquíssimo as ações você tinha nesse sentido em São Paulo quando você pega os bilhões gerados pelo carnaval ele fica muito na na no topo da pirâmide ele não se
Capilarização de pessoas que estão envolvidas na escola de S Então você tá na verdade na minha opinião numa disputa política por uma cidade inclusiva versus uma cidade exclusiva uma cidade que reconhece as digitais negras plantadas na cidade e uma cidade que tenta recusar Esse reconhecimento uma cidade que clama
Por inclusão e uma cidade que clama por exclusão né as duas narrativas estão presentes né em função dessa dessa situação e circunstância que também é novo né eu não me recordo de nenhum governador de São Paulo ou prefeito de São Paulo ter tido uma ação tão hostil
Assim em relação a um enredo de uma escola de Sana Não me recordo disso E olha que tivemos enredos bastante Agudos né os enredos por exemplo Centenário da Abolição foram foram enredos bastante Agudos enredos críticos feito poras escolas tradicionais de São Paulo peruch Nenê da Vila Matilde vai vai camisa
Verde e branco e num nunca houve uma manifestação como essa então eu acredito que Essas manifestações são resultado de uma de uma de uma disputa política pela cidade de São Paulo no ano eleitoral no ano eleitoral que me parece que a presença da Periferia vai ser extremamente importante então acho que
Isso justifica ou explica pelo menos essa essa essa ação política contra a escola e de uma certa forma a estratégia da escola de tentar na medida do possível até porque passou por dois rebaixamentos muito recentes na medida de Não agudizar essa essa enfrentamento com o poder público mas o enredo falou
Por se acredita é um enredo um enredo que se demonstrou corajoso nãoé isso é irrecusável já já foi a escola já passou e a escola já fez a sua a sua afirmação em relação a esse a esse tema não é e é uma escola que de tão inclusiva que é eh
Não é reiné os Racionais MCs de e desloca os de seu espaço eh do seu veio natural digamos assim e os eh inclui né então é uma uma uma foi uma típica da vai típica do vai fazer esse tipo de coisa eh vai se arrisca é uma grande
Escola ensaio já saiu uma vez falou vai vai eh e uma escola fantástica não é uma escola é um modo de vida é uma coisa muito impressionante e agora você fal e vai vai foi ameaçado quase como um um uma chicotada que quiseram dar no vai vai ameaçando cortar as verbas de uma
Chibatada cortar as verbas de subsídios que a escola recebe por causa dessa manifestação cultural política enfim eh eh o fascismo o populismo caíram em cima da da vaivai de uma maneira arrasadora por causa dessa manifestação mostrando como eles estão organizados e e e eh como é que eu posso dizer
Eh realmente tomados por um espírito de devastação não é então resolveram sancionar a va vai ameaçaram sancionar a vai vai é o fascismo é o populismo não é total né nunca se viu isso né dessa forma nunca se viu eu acho que desde do surgimento nos Estados Unidos do do
Tipar né com a parte eh eh da da focalização em alguns Campos de enfrentamento que era mídia cultura ciência isso foi se recrudescendo né foi ficando mais duro ainda e acho que dessa dessa eh eh experiência mostra que eh eh eh não teremos mais nenhum nenhum tipo de tolerância em relação à manifestação
Democrática cultural como tivemos no passado Então vai ser desfile de escola de samba exposição de arte eu acho que nós vamos passar por uma situação de ter que fazer a afirmação como disse a ministra Margarete menzes na importância da cultura no nosso universo cultural né na manifestação política social e
Cultural dier não tem nenhum sentido esse tipo de ação contra uma escola de sama porque a esse enredo se a gente for pegar por exemplo o enredo da Portela do ponto de vista da denúncia do Estado ele foi mais duro inclusive sim porque ele tá mostrando que o estado ali a ação
Articulada do estado não foi capaz de eh prevenir a violência contra jovens negros né Eh e aqui não aqui houve uma uma ala né num contexto Mais amplo né Eh que que fez A Den e e e a estigmatização da cultura Negra do Hip Hop É isso que
Me pareceu Mário mais sério né o Hip Hop historicamente eh eh eh está muito alinhado à reivindicações políticas da Juventude negra da Periferia na afirmação dos seus direitos e pelo bem-viver então a a violência também na escola tem a ver penso eu com a manifestação feita pelo hip hop eu
Acompanhei eh os vários eh as várias personalidades que organizaram o hip hop no aqui em São Paulo em especial a partir dos anos 90 como o Arruda os próprios membros do do dos Racionais O DMN que também teve um papel importante as pessoas que ajudaram a organizar as
Posses de Hip em São Paulo né O Max que é um produtor também ligado ao rip ou seja acompanhei e todos eles estavam extremamente satisfeitos pelo fato da escola de samba eh abrir passo para um debate político importante como esse já tinha aberto outras escolas pro funk mas
O Hip Hop parecia ainda que ficava numa Fronteira ainda do do proibido Então essa ação foi extremamente importante então me parece que muito também dessa intolerância tem a ver com a manifestação cultural do hip-hop e a importância que ela tem paraa Juventude negra da periferia de São Paulo
Colocaram tudo num pacote Eu acho que só eh eh antecipa eh o clima que nós vamos tem que fazer né nesse período de defesa eh eh cada vez mais sistemática das manifestações culturais populares é tá inserido nessa nisso que chamam de guerra cultural não é de disputa cultural
Eh e que e que parece que ganhou alguma alguma prioridade dentro desses grupos mais eh extremistas da direita não é eh então então tem isso também essa essa tentativa de de eliminar a presença negra no samba como se fosse possível uma coisa dessa no fundo é isso mas você tinha falado professor
Que que eh bom eu queria falar bom mas a gente vai falar de várias coisas mas vamos entrar agora no seguinte o você tinha falado que tinha mencionado que o carnaval acirra ou instaura uma certa disputa pelo espaço pelo espaço urbano pelo espaço da cidade então isso significa muita coisa isso que você
Mencionou e até nós chamamos hoje no nosso texto do encontro algo relativo a isso eu queria que você falasse mais a respeito do carnaval e e e de como a questão Negra e a disputa pelo espaço você explicasse pra gente o o que que isso o que que o carnaval exponencia
Nesse nesse contexto al o que nós chamamos Mário na no estudo que nós temos feito de as rodas sagradas da experiência negra no Brasil é o Candomblé num determinado momento a capoeira num determinado momento e o carnaval e as escolas de samba como fator importante as escolas de samba são
As primeiras experiências de jovem de de de população negra eh tendo o espaço territorial no centro da cidade por exemplo as quadras das escolas de samba são as Primeiras Experiências dessa dessa ocupação territorial eh foi assim no Rio de Janeiro assim em São Paulo foi assim foram assim nos grupos carnavalet
E blocos que surgiram em Pernambuco e na Bahia o papel importante da ocupação territorial que Essas manifestações culturais tiveram e elas trouxeram na nossa opinião quatro questões importantes que tá no centro dessa disputa né A primeira é que é uma visão eh eh eh sobre a sociedade a partir do
Ponto de vista da Perspectiva da população negra você pega por exemplo os enredos eles sempre foram no espaço de disputa porque o estado não queria que os enredos fossem críticos em relação ao estado inclusive teve uma época que tinha eh determinação de quais eram os enredos que poderiam ser ser cantados né
Então você pega agora mais recentemente eh abriu-se eh um leque enorme por exemplo para se discutir Exu sempre foi demonizado na sociedade brasileira todas as manifestações eh religiosas culturais da população negra o funk o Hip Hop e outras manifestações então o carnaval ajudou a trazer uma visão ou uma
Cosmovisão negra da qual a sociedade não estava habituada né uma segunda questão importante além da afirmação cultural o carnaval ele foi fonte de renda de pessoas ele el criou uma cadeia criativa de pessoas que viviam do carnaval e vivem do Carnaval ainda hoje e capilarizado por exemplo as costureiras
Que fazem as fantasias capilarizada num amplo território né as pessoas que um barracão de escola de sama marrio tem eh cerca de 40 a 50 profissões Diferentes né des jornalista alguém do marketing advogado mas também tem as pessoas Os mecânicos as pessoas que cuidam da infraestrutura eh do carnaval então
Criou uma cadeia importante do ponto de vista do trabalho de pessoas estão diretamente envolvidas no trabalho uma terceira questão importante criou uma política pública de presença da cultura negra no território isso extremamente importante levando em consideração que o carnaval chegou a ser perseguido no passado as manifestações carnavalescas
Então você ter uma política pública é extremamente importante e acho que aí é que entra a questão central né como vai se dar essa política pública A partir dessa disputa por exemplo é legal ter um sambodromo é muito legal mas ele tira a vida social do carnaval da cidade N O
Ônibus vai e pega a pessoa no bairro traz a pessoa pro Sambódromo e acontece um fen não acontece um fenômeno que o Fernando penteado que é um importante dirigente vai vai sempre disz eh você não vê a cidade fantasiada né então parece que não está tem desfile de
Escola de samba você tinha desfile ali na São João era a mais importante cidade dos eh Rua do Centro de São Paulo Então ela implicava o trânsito implicava a vida das pessoas depois você teve na Tiradente e agora você tira o carnaval desse espaço de circulação Então acho
Que aí é que entra a quarta questão fundamental como é que vai se dar o debate político da ocupação desse espaço que foi construído pelo carnaval né Eh os blocos que nós nós temos visto financiado fortemente é quase que o que chama um pesquisador de uma privatização
Do espaço público né você coloca uma corda você coloca alguém tocando você paga caro pelos abadás ou camisetas é ocupando o espaço público né e um espaço público consentido e controlado quer dizer como é que se pode imaginar que você vai ter eh blocos carnavalitos no centro de São Paulo que vão funcionar
Até às 18 horas então você passa até o uma situação que acho que o fundo é discutir a quem pertence a cidade né quem tem o direito de ocupar a cidade n quem tem o direito de fruir da cidade e não é apenas o problema do carnaval a
Gente vê eh quando a a a a as manifestações eh eh musicais culturais na cidade de São Paulo essa disputa ela sempre vem à tona né Eh coisa que não há restrição para outro tipo de manifestação né não que Deva haver restrições mas não há nenhum tipo de de
Restrição por exemplo a marcha para Jesus né que não que seja errado não ter não deve ter mesmo né mas há restrições pra marcha da diversidade há restrições pro carnaval né há restrições é quando se pretende fazer eh manifestações culturais e por todos os cantos da
Cidade eu acho que esse é um problema sério né que denuncia que o que tá em disputa é como o espaço público vai ser ocupado eu queria te perguntar o seguinte você sente apagamento da presença negra no carnaval atual eu sinto a tentativa a tentativa e e é uma
Tentativ BL mesmo nos blocos nos blocos né você tem por exemplo é você tem uma política de financiamento e autofinanciamento dos blocos né o carnaval ele sempre viveu de um de um financiamento coletivo né você tem tinha 303 4.000 pessoas que financiavam para paraa escola eh acontecer né não um
Financiamento colaborativo eh que a escola hoje no bloco você eh tem o financiamento público você tem que investir grana por exemplo eh quem tem recurso para comprar uma badá de 300 4 400 R 500 né Eh eh o que você vê nos blocos eh eh uma presença uma pequena
Presença da população negra exceto alguns blocos como o ilu né o Lu é um bloco de mulheres negras tem a temática Negra tem as mulheres negras tem o toque negro tem a presença Negra mas eles são quase raros hoje eh no carnaval de rua eh de São Paulo assim como no Rio de
Janeiro né então eu acho que isso também dá um certo perfil de quem de quem deve ocupar a cidade a quem pertence a cidade né nesse momento n eh eu acho que tem uma um um um processo de tentativa de apagamento na questão do temática na forma de organização das bandas da forma
De financiamento né nas escolas Sama por exemplo que chama atenção eh esse ano não esses anos a gente tá recuperando eh em redos eh com pegadas Negra africana ou afro convergente né Como dizia o negro Bispo né que pega esse universo cultural negro eh mais forte mas você tinha em ros assim totalmente
Alienígenas né assim totalmente longe do universo cultural da população negra né sem nenhum sentido eh e acho que isso também ajudou a a a a tentar avançar nesse apagamento eu não tenho nenhum problema de pessoas brancas na escola de samb não é não tenho nenhum problema acho que a
Grande questão é quando você eh cria mudanças tão Profundas que você perde até é o link de aqui Aquilo é uma manifestação eh Cultural de de Matriz Negra africana na escola de S e especificamente neste ano foi bem significativo o número de escolas cujos enredos se referenciavam na questão de
Alguma maneira relacionada à questão Negra Não é no rio principalmente vai vai em São Paulo deve ter havido outras também eh assim a própria presença do luí Gama no Rio e em São Paulo eh e e também coisas assim realmente impressionantes não é essa presença essa entrada essa
Apropriação né quase que virou também uma neste ano né virou uma outra uma uma outra realidade né você soube que o r da Portela bado no livro da da Ana Gonçalves n AL ele esgotou e a venda do livro no cur esp de tempo é um catatal né um livro de mais
De 1 páginas né livro extraordinário livro maravilhoso né e um defeito de cor né defeito de cor o que mostra né o esse potencial né Eu acho que que nós vamos viver um outro momento penso no carnaval depois dessas polêmicas o Agora me diga uma coisa
Eh você sente a gente já tá chegando no final amigos compartilhem Nossa transmissão por favor Aproveite agora já estamos chegando no final E compartilhe Nossa transmissão deem o joinha o like aí no YouTube e se for o caso envie super super sck super chats e pode fazer
Também um pix aqui pro nosso programa eh eh jariz às vezes eu sinto também que pode est acontecendo eh uma certa relativa diminuição do interesse da Juventude Negra pelo Car naval eh atraída por outras enfim por outras manifestações formas ligada e desconectando em outras digamos assim
Eh como é que eu posso dizer eh conexões que te Parece sim sem dúvida eh eu eu eu nós tivemos um momento no carnaval da escola Sam especial que ela ela ela ela perde jovens n num determinado momento né esse jovem que que entra na luta política antirracista começa a haver um
Certo grau de alienação das escolas de S né e perde um pouco isso o que eu tenho sentido mais recentemente é o retorno desses jovens eh pra escola de samba né disputando esse espaço na escola de samba em São Paulo e no Rio de Janeiro então cada vez é mais frequência a
Presença de ativistas políticos antirracistas nas escolas de s o que tem trazido uma coisa muito legal o que me chamou atenção por exemplo que eh surgiu um número grande de de carnavalescos jovens negros no Rio de Janeiro eh eh em São Paulo normalmente eram pessoas que vinham das escolas de Belas Artes que
Deram uma grande contribuição no carnaval mas que não conhecia o universo das escolas S né Eh iam nas escolas de sama no período de carnaval Então essas pessoas que estão agora se envolvendo com a escola de sama conhecem a realidade da comunidade conhece as reivindicações políticas está conectada
Com essa realidade com esses processos né me parece que esse é um momento novo e dentro dessa esteira surgiram os novos coletivos de samba n virou um fenômeno extraordinário né a emergência desses coletivos de samba no interior e na capital Então acho que todo esse universo desse desse e eh arranjo eh do
Samba Vai potencializando a presença de jovens negros eh eh eh nas escola de sama eu vi o depoimento bonito depoimento do Mano Brau e ele frequenta vai vai há muitos anos eh ele a presença dele no há muitos anos assim como R Wood né Tá muitos anos no vai vai então você
Percebe que há uma conexão né como se houvesse aí vários vasos comunicantes dessa cultura negra se se se conectando conversando trocando informação e é muito bom vê-los também na escola de S eu acho muito positivo eu estimulo muito minha filha est na Escol de samba está no viiv meus
Sobrinhos né já foram da bateria do viiv estão presentes no vi minha família tá presente no vi eu acho isso muito bonito muito legal do ponto de vista até da afirmação da identidade negra na cidade uma coisa agora a gente já tá chegando no final uma coisa que eu não posso
Deixar de te perguntar e você mesmo mencionou e é sobre a a coincidência dessas polêmicas envolvendo críticas a à repressão policial eh obviamente levantando a questão dos Direitos Humanos da inclusão eh da maneira como a polícia trata por exemplo as pessoas que moram eh em em Alfaville ou as e da maneira
Como elas tratam as pessoas que moram no Capão Redondo na periferia de maneira geral né Eh e eu queria relacionar isso e se isso também não fica especialmente acirrado num ano eleitoral em disputa de prefe pela prefeitura que concorrem o um candidato como Guilherme bolos e o e e o
Atual prefeito candidato à reeleição Ricardo Nunes você sente que isso tem esse esse assunto tá cruzando Ah o debate Central o debate central a Extrema direita perdeu as duas últimas eleições na cidade de São Paulo e a cidade de São Paulo sinaliza coisas importantes do ponto de vista eleitoral
Acho que o debate Central por isso acirrar a discussão do racismo nessa situação nessa circunstância eh chama nos chama atenção então a escola tem uma uma relevância grande penso eu nesse debate porque a discussão por trás disso é processo eleitoral e como por exemplo as escolas de samba vão se posicionar
Quando você diz por exemplo que vai tirar financiamento muitas escolas de S que talvez pudessem se abrir mais para um debate político mais propositivo vão ficar mais tímidas Muito provavelmente né então acho que há por trás disso o pano de fundo da disputa política da disputa Eleitoral da disputa territorial
Da disputa cultural e o racismo como sendo estrutural acaba sendo instrumento importante desse debate eu Brino sempre que a disputa entre a manutenção do aparte né da luta política contra o aparte Então quem faz essa essas críticas ao vai vai são aqueles que defendem a manutenção de uma política do
Apartai na cidade de São Paulo para is esses setores eh Professor Juarez a falta aparti para esses setores eh não é fascistas de direita racistas os governos têm sido lenientes na repressão aos grupos excluídos e os problemas da cidade são decorrentes dessa leniência dos governos em relação
A a uma política que deveria ser mais ativa para uma higiene mesmo uma limpeza da do do mau-estar que que se percebe eh ou que alguns percebem na na cidade não te parece essa expressão é ótima né O mau-estar que provoca ver as pessoas com direito né Eh eh o mau-estar que provoca
As pessoas estarem participando de atividades eu concordo com isso né que é uma subversão da realidade na verdade né quando você tem mais políticas públicas você tem mais segurança mais eh eh condições do exerccio da Cidadania eh eh esse aparti que que que nos chama atenção eh é com aqueles mecanismos que
Você tinha na África do Sul né impedir as pessoas de estarem no centro eh elas serem policiadas eh não permitir que essas pessoas possam ter liberdades e assim sucessivamente né Eu concordo com essa expressão que você usou o mal-estar para esses grupos mais reacionários da sociedade brasileira em ver as pessoas
Na universidade no trabalho tendo acesso à cidadania tendo acesso à dignidade tendo acesso aos meios de comunicação e tendo acesso aos seus direitos o mal-estar provocado pelo bem-estar de uma população que sempre foi excluída e isso vai estar presente acirradamente no debate eleitoral deste ano não é quer
Dizer o b provavelmente será acusado de de de enfim de gerar condições de eh mais malestar E terá terá que responder a isso sim sim o eu tenho visto as ações do nabil né que tem tido um papel importante na discussão da importância da democratização do acesso
À cidade né Eu acho que esse vai ser o Grande debate da discussão política né como é que você vai criar condições para que essa população apartada na periferia possa exercer seus direitos de cidadão Essa é a discão Central eí tem um candidato que expressa muito bem isso
Que é o bulos né tem expressado isso de uma forma muito Evidente e outro candidato que não está preocupado com essa discussão com esse debate eu acho que é é a discussão pelo território vai ser fundamental né Eu acho que o navio ten tinha muito razão desde que se
Discutiu lá o primeiro plano diretor da cidade de São Paulo da necessidade de nós discutirmos a cidade é porque muitas das soluções mais importantes eh das crises da cidade vem da Periferia vem da Periferia então estar presente eh nesse nessas experiências é importante para paraa democratização do acesso à cidade
É Ah vai ser um debate sobre também o que que o que que resolve o mal-estar incluir ou excluir não é segregar Ou ou abrigar não é conferir mais cidadania ou menos cidadania né isso E aí você vê que desde 1980 ISS era um problema resolvido
Né só se colocou a oposição à inclusão nesses últimos 4 anos eh a Sociedade Brasileira de modo geral Estava eh quase que eh eh convicta da necessidade da inclusão esses últimos 4 anos da forma com que eles expressaram o país eh acabaram criando essa situação né de
De contradição e polêmica em relação a isso o o pra gente terminar mesmo a tem uma pergunta uma curiosidade que ficou para mim você se referiu à mudança no ambiente da universidade em que você dá aulas eh eh quando depois da inclusão hoje você diz que mais de 50% dos alunos eh
São nessa unidade são mais de 50% São oriundos de escolas públicas há uma presença Negra muito mais significativo eh fala mais um pouco disso que e o que que isso no plano político no plano pedagógico no plano eh em que plano isso se faz notar de maneira mais
Evidente acho que no plano social né Tá do papel que a universidade teve na construção do estado brasileiro então nós passamos a ter mais meninas e meninos pretos e paros da Universidade mais meninas e meninos brancos da Periferia que nunca tiveram oportunidade na universidade e eles trazem demandas
Trazem demandas nós começamos a a perceber nesses últimos anos que tanto os trabalhos de conclusão de curso como as dissertações de Mestrado as teses de doutorados começam a trazer essas problematizações da condição de vida dessa população de alternativas para superação da condição de violência dessa população então há mudanças em todo o
Âmbito na universidade há mudanças naquilo que a gente poderia chamar do projeto político da Universidade a mudança no que a gente poderia chamar do corpo teórico da Universidade cada vez mais você tem a presença de pensadores que não eram pensadores clássicos da academia então cada vez você tem mais
Mulheres negras mais homens negros mais indígenas mais população LGBT pesquisadores da população lgbtq e mais produzindo material e há um desafio Maro que eu acho que esse é o desafio mais significativo que eu tenho observado hoje que é a questão da permanência estudantil a permanência estudantil ela
Não se limita a a permanência de auxílios estudantis a permanência estudantil ela tem que est no campo da educação esse estudante que chega na na sala de aula essa estudante que chega na sala de aula precisa ser acolhido do ponto de vista didático pedagógico na linguagem no comportamento na postura n
Eh e eh Há Um Desafio hoje do meu ponto de vista na universidade de você eh fez a inclusão agora você precisa criar condições para que haja o acolhimento e essa esse fenômeno teve algum Impacto eh eh sobre o nível de de exigência pedagógica e sobre a performance geral na média você consegue
Identificar isso aferir isso todas as pesquisas realizadas na nossa universidade em outras universidades mostra que não houve queda da qualidade da Universidade né Eh o aluno que vem de escola pública ele tem às vezes um um uma um pequeno desnível em relação ao aluno que vem da escola particular mas
Ao longo do curso né Isso vai sendo equacionado e eles chegam praticamente nas mesmas condições no final do curso Então aquela ideia de que teríamos médicos de segunda categoria jornalistas de segunda categorias advogad de segunda categorias não tem se mostrado na prática né em função dessas políticas muito pelo contrário Elas têm criado
Condições de a partir da diversidade desse universo possível da que a política de ação afirmativa tem possibilidade possibilitado ampliar o universo dos Estudantes que nunca tiveram contato com isso né eu tive no no início das políticas de ação afirmativa teve uma orientando minha uma menina branca de classe média que teve a
Sinceridade dizer o seguinte Juarez Você é o primeiro Professor negro que eu tenho e os primeiros alunos alunos negros que eu estou tendo em sala de aula porque a minha convivência com o negro é com os empregados da minha casa Então esse é o para ela como ser humano
Como cidadã como futura profissional é um aprendizado extraordinário então é um ganho também para esses jovens né da classe média que estão na universidade né Eu acho que todo mundo ganhou é o ganha ganha ganha ganha ganhou a sociedade ganhou a universidade ganhou jovens negros e acho que ganha também a pesquisa no
Brasil muito bem chegamos ao final do nosso encontro eh tão interessante tão bacana tão importante com professor Joarez Xavier eh que veio aqui para nos dar uma aula mesmo e e uma aula Magna sobre esses temas tão tão centrais pro país eh eu queria agradecer muito a presença de todos a
Audiência de todos e e e as perguntas as as manifestações não deu para responder a pergunta da Quiara que perguntava se seos jovens não estão se [Música] desinteressando-se Obrigado pel convite com certeza juare e fiquem agora amigos com um novo programa aqui na tv247 que é filosofia do cotidiano com o professor
Flávio vassoler começa logo a logo em seguida já deve estar começando Muito obrigado até o próximo forças do Brasil no sábado que vem neste mesmo horário aqui na TV 247 Muito obrigado tchau tchau até a próxima boa noite Joarez boa noite Y
Professor e pesquisador da Unesp, ativista antirracista, Juarez Xavier vem ao Forças do Brasil para falar da repressão e censura à denúncia de racismo e crítica à polícia no desfile da escola Vai-Vai. Conversa também sobre a segregação em geral no Carnaval, presente na ocupação excludente dos espaços das cidades ocorrida nessa época do ano.
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21 Comments
Excelente live.
PARABÉNS GRANDE JORNALISTA MÁRIO VITOR PELO MAGNÍFICOS CONVIDADO E TEMA ,E PARABÉNS GRANDE ESCOLA DE SAMBA VAI VAI, PELO TEMA DA CRUA DOR DO POVO PRETO LINDO DE SP E DO BRASIL☆☆☆☆
O ser humano precisa se alertar contra esses seres fascistas que violentam o estado democrático de direito. Eu creio intuitivamente que a maioria absoluta do ser humano repudia esses atores do ódio e destruição.❤
CAROS JORNALISTAS LEO ATTUCH E MÁRIO VITOR TRAZ TB O GRUPO RACIONAIS PRA ENTREVISTAR, GRACIES PELA LIVE MUI LÚCIDA☆☆☆☆☆☆☆☆
Salve, Juarez querido!
Muito bom o programa, obrigada!
Excelente aula.
À fala de Tarcísio, sobre o enredo da Vai Vai, referente à segurança pública de São Paulo, demonstra que ele é limitado.
Só quem nunca foi ao ensaio da Vai vai diz tanta besteira! Uma escola paulistana enraizada na negritude e suas bases sócio-culturais! Minha escola em SP! Sou do RJ!
Colega Juarez, disse tudo!
SALVE. SALVE. A TODO POVO PRETO DA VAI VAI
Excelente!
A Vai Vai já ganhou por gerar todo este debate sobre o tema. Nota 1000
Parabéns Vai Vai
Força Vai Vai
Muito boa a entrevista.
Parabéns ao prof. Juarez
Excelente ❤
Viva Leci Brandão e Eduardo Suplicy.
As reações demonstram que a Vai Vai foi na veia. A realudade está à vista de todos. Enquanto a Escola desfila, a policia mata.
Estes últimos quatro anos demonstrarambque a sociedade não estava tão consciente da inclusão como chegamos a acreditar. Há muito trabalho!!!
👏👏👏👏👏👏 Coerente!!
Muito legal
Força vai vai.