Brasil empobrece e ignora negociação com Trump, diz Paulo Rabello de Castro | Jornal Gente

Brasil empobrece e ignora negociação com Trump, diz Paulo Rabello de Castro | Jornal Gente

Professor, muito bom dia pro senhor, esclarecendo aqui vários assuntos no meio dessa turbulência, né, desde que teve um anúncio aí do tarifaço, os assuntos não param de surgir, inclusive o Brasil é notícia no mundo inteiro, como sempre, mais do que nunca agora, porque Trump sempre aparece. Professor, o senhor citou o Japão. Primeira pergunta é: o que que o Japão fez que nós não estamos fazendo? E a segunda, saiu um recente estudo no meio desse turbilhão do FMI, eh, que o nosso país caiu da 48ª posição para 87ª no PIB per capita em paridade de poder de compra. O que que aconteceu para para esse empobrecimento do Brasil nas últimas décadas? Desculpa, são duas perguntas em uma, mas o senhor fica uma semana sem aparecer e a gente já quer fazer todas as perguntas da dos acontecimentos da semana. Tá certo, Sônia? A gente pode combinar para aparecer mais vezes, mas eu vou me tornar chato, muito chato. Eh, o que acontece em relação ao Japão não está acontecendo em relação ao Brasil. Há uma diferença e e nesse caso, eh, o Cláudio pode nos ajudar. Por quê? Porque volta, voltamos para a política. A carta eh enviada por Trump, anunciando o tarifaço para o Brasil não é a mesma que foi enviada para o Japão, no sentido de que o teor da negociação em relação ao Japão foi forte eh fortemente comercial mesmo. Ou seja, há aspectos políticos de alinhamento, etc. principalmente em relação às preocupações eh com a defesa eh no no campo no campo ali asiático, mas é fundamentalmente uma negociação comercial. E o Trump inclusive anunciou eh investimentos prometidos pelo Japão em território americano da ordem de meio trilhão de dólares. Ou seja, ao longo do tempo, os japoneses pretendem eh elevar a quantidade de eh investimentos, portanto, geração de empregos nos Estados Unidos, que é a atual obsessão do Trump, e ao mesmo tempo liberalizar, ou seja, abrir, fazer o contrário de uma retaliação, que é algo que a gente deve pensar, ao invés de retaliar, prometer aliviar eh e melhorar as condições de importação de produtos americanos e que nos Estados Unidos diz respeito eh a vários produtos que eles que os americanos querem vender lá, inclusive arroz, que é uma commodity, eh automóveis, máquinas, etc. Eh, pois bem, essa é a situação no Japão que conseguiu agradar o imperador Trump. Aqui nós não só não estamos fazendo o exercício de agradar Trump, nós estamos assim eh enfiando a a cabeça na areia ao invés de levantar a cabeça e alivamente pensar em em possibilidades eh corretas eh de negociação e flexibilização do nosso comércio. Não falamos disso, nem as entidades empresariais a aventam soluções, embora haja exceções, como por exemplo, a já tá pensando na alternativa de fomentar o mercado interno. Em outras palavras, nós deveríamos ser intelectualmente mais ativos. Agora pesa sobre nós e por isso que mencionei o Cláudio Humberto, uma questão que diverge do Japão. Na carta Trump me cita Bolsonaro, o tratamento das bigte aqui dentro e principalmente o STF. Portanto, o Trump politizou a carta, eh, e isso é algo que, eh, eu acho muito difícil de atender. Eh, eu acho que o nosso judiciário não vai nem apressar, eh, postergar eh a conduta em relação ao ex-presidente Bolsonaro, sem entrar no mérito da questão, porque também considero vários várias das atitudes em relação ao ex-presidente absolutamente escandalosas. Eh, mas de qualquer maneira, eh, o fato é que eu vejo muito pouca chance de o poder executivo vir a influenciar eh, no sentido de amenizar as condições em relação ao presidente Bolsonaro, de forma que nós estamos vivendo um impasse da eh daí a nossa preocupação eh em relação a isso. M.

Em análise no Jornal Gente, o economista Paulo Rabello de Castro comparou a postura do Japão com a do Brasil diante do tarifácio imposto pelos Estados Unidos. Segundo ele, o Japão soube negociar: ofereceu investimentos em território americano e, em troca, obteve uma redução significativa nas tarifas de importação. Já o Brasil, segundo Rabello, ignora o debate e “enfia a cabeça na areia”, sem reação efetiva por parte do governo ou das entidades empresariais.

O professor também comentou o recente estudo do FMI que aponta a queda do Brasil da 48ª para a 87ª posição no ranking de PIB per capita em paridade de poder de compra. Para ele, esse empobrecimento é reflexo da estagnação intelectual e da ausência de estratégias claras para inserção econômica internacional.
#diia