Por que a Economia do Japão chegou ao Ponto Crítico
É 1989 e o Japão é a economia em ascensão no mundo. O índice Nike bate seu recorde histórico alcançando 39.000 pontos. Oito das 10 maiores empresas do mundo são japonesas. Tóquio vale mais que toda a bolsa dos Estados Unidos. A Toyota se torna a maior montadora do planeta. Sony, Panasonic e Toshiba dominam as ocidente. Essa é a economia do Japão. Essa era a economia do Japão. Hoje o país nipônico não cresce mais. Desde 1995, com economias como a Alemanha e a Índia, a poucos passos de superar a japonesa, o que era impensável há algumas décadas. O país acumula a maior dívida pública do mundo, mais de 260% do PIB. O crescimento econômico médio nas últimas três décadas foi inferior a 1% ao ano. E para piorar, a população japonesa está encolhendo. O país perdeu mais de 800.000 pessoas só em 2022. Em 2023, 29% dos japoneses têm mais de 65 anos, uma das populações mais envelhecidas do planeta. Mas se em 1989 o Japão era o que era, como? Simplesmente como chegou aqui? E porque a economia japonesa só tende a piorar? [Música] Antes de tudo desandar, o Japão era uma potência em ascensão. Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos ajudaram a reconstruir o país e transformaram-no verdadeira máquina exportadora. Os resultados foram impressionantes. Entre 1953 e 1957, as exportações de produtos manufaturados japoneses cresceram de forma explosiva. O maior comprador era de longe os Estados Unidos, que importavam automóveis, eletrônicos e tecidos japoneses em larga escala. Hong Kong e Reino Unido também se destacavam como destinos importantes, servindo tanto como mercados consumidores quanto como portas de entrada para a Ásia e Europa. Foi dessa maneira que na década de 1970 o Japão já havia se tornado a quinta maior economia do mundo, sustentando taxas de crescimento de 5% ao ano por 15 anos seguidos. A fórmula parecia imbatível. O Japão produzia e o mundo comprava. Porém, o próprio sucesso despertou tensões. Na década de 1980, os Estados Unidos começaram a se incomodar com a balança comercial desequilibrada. Em 1985, foi realizado o acordo de plaza e os americanos pressionaram o Japão a valorizar sua moeda. O Ien, que estava em 239 yenes por dólar, aumentou rapidamente para 128 yênes por dólar em apenas 3 anos. Isso encareceu os produtos japoneses no exterior, prejudicando diretamente as exportações. Para tentar conter a desaceleração econômica, o Banco do Japão cortou agressivamente os juros, tornando o crédito barato. Isso alimentou uma especulação desenfreada. Empresas e famílias começaram a investir massivamente em ações e imóveis. Entre 1980 e 9 e 1990, o Banco do Japão mudou de direção e aumentou os juros para 6% para tentar conter os excessos. O resultado foi o estouro da bolha. O índice Nicke perdeu quase 1 trilhão de dólares em valor em pouco tempo e o mercado imobiliário sofreu uma queda estimada em três trilhões de dólares: deflação persistente, salários estagnados e um ambiente econômico deprimido. A crise financeira inicial foi mal administrada, transformando-se em uma longa estagnação, conhecida como as décadas perdidas. Hoje, em 2025, o reflexo ainda é visível. As ações japonesas valem praticamente o mesmo que há 40 anos. O país que parecia pronto para dominar o século XX acabou estagnado e desde então o Japão nunca mais conseguiu se recuperar. E na verdade só piora. Em 2024 foi um ano histórico para o Japão. Mas não pelos motivos que gostaríamos. Apenas 720.000 bebês nasceram no país. O menor número desde que os registros começaram em 1899. Para colocar isso em perspectiva em uma nação de 125 milhões de pessoas, isso significa que para cada nascimento acontecem duas mortes. O Japão não está apenas envelhecendo, está literalmente desaparecendo. A situação é ainda mais alarmante quando olhamos para os casamentos. Apenas 500.000 casais se casaram em 2024. Um número crítico, porque quase todos os nascimentos japoneses, 97% deles, acontecem dentro do casamento. Menos casamentos significa diretamente menos bebês. Mas por que os japoneses pararam de ter filhos? A resposta está no dinheiro. Criar uma criança desde o nascimento até a graduação universitária custa em média 45 milhões de em Tóquio. Com salários médios de cerca de 6 milhões de ienes por ano, ter apenas um filho já representa um grande desafio financeiro. Ter dois ou três é quase impossível para a maioria das famílias. Realidade econômica criou uma geração de jovens que simplesmente desistiu da ideia tradicional de família. Em 2020, 30% dos homens de 50 anos nunca lhe haviam se casado, um número que era de apenas 2% décadas atrás, quando pesquisadores perguntaram a jovens entre 18 e 27 anos se pretendiam se casar, 60% responderam que não. Os números do futuro são ainda mais chocantes. Em 2050, 35% da população japonesa terá mais de 65 anos. Para 2100, as projeções indicam que o país terá apenas 63 milhões de habitantes, metade da população atual. É como se o Japão inteiro fosse reduzido ao tamanho da França. Isso significa que em menos de 80 anos cidades inteiras ficarão vazias, escolas fecharão por falta de alunos e o sistema previdenciário entrará em colapso. Já hoje existem apenas 2,1 trabalhadores para cada aposentado. Em 2050, essa proporção cairá para um para um. Ainda assim, hoje o Japão tem um problema chamado de deflação. Os bancos agora pagam para emprestar dinheiro ao governo, mas chegaram ao limite da física econômica. Não se pode cortar juros abaixo de zero e então criou-se uma armadilha de liquidez. Novos cortes nas taxas simplesmente não funcionam mais. É como tentar acelerar um carro que já está com o pedal no chão. O resultado é deflação persistente, onde preços caem ano após ano, criando um ciclo vicioso de adiamento de compras e investimentos. Paradoxalmente, o Japão acumulou a maior dívida pública do mundo, 264% do PIB. Em números absolutos são 9,2 trilhões de dólares. Qualquer outro país já teria entrado em colapso fiscal. Mas há um truque. 90% dessa dívida é detida por investidores domésticos. bancos japoneses, fundos de pensão, cidadãos comuns. Eles nunca venderão em massa, criando estabilidade artificial. O governo consegue rolar a dívida praticamente de graça, com juros próximos de zero. É como uma família que deve milhões, mas apenas para parentes que nunca cobrarão. Se as pessoas não ganham mais, não gastam mais. Se não gastam, as empresas não investem. Se não investem, não há crescimento de produtividade. Se não há produtividade, não há aumento salarial. É um círculo vicioso perfeito. O impacto social é devastador. Jovens adiam ou simplesmente desistem de casar e ter filhos porque não conseguem arcar com os custos. A estagnação salarial não alimenta apenas a crise econômica, é combustível direto para a ex-crise demográfica, 40 metade do país, vivendo em insegurança econômica permanente. Essa foi a resposta das empresas às décadas perdidas. Em vez de demitir trabalhadores permanentes, culturalmente inaceitável, criaram uma classe paralela de empregados descartáveis. O resultado é uma sociedade de duas velocidades: funcionários permanentes com estabilidade e benefícios e uma massa crescente de trabalhadores precários. A hierarquia rígida e falta de mobilidade entre setores reduzem drasticamente a eficiência e inovação. Talentos ficam presos em posições inadequadas. Ideias novas são sufocadas pela burocracia corporativa. O dinamismo que uma vez fez do Japão uma potência foi substituído por conformismo institucional. A população economicamente ativa está encolhendo rapidamente. O governo gasta cada vez mais com aposentadorias e cuidados médicos, enquanto a base tributária diminui ano após ano. É como tentar encher um balde com um buraco cada vez maior no fundo. O Japão criou o primeiro exemplo moderno de uma economia desenvolvida que simplesmente parou de funcionar. Rica demais para entrar em colapso, mas fraca demais para crescer. Estável demais para reformas radicais, mas estagnada demais para prosperar. é a armadilha japonesa, quando o sucesso de ontem se torna a prisão de hoje. [Música]
Por que a Economia do Japão Chegou no Ponto Crítico
Um conteúdo da Mont Asset
O Japão vive um ponto de inflexão. Entre o colapso da natalidade e uma economia que não cresce há mais de três décadas, o país enfrenta uma crise silenciosa, mas estrutural. Neste vídeo da Mont Asset, vamos explorar como o envelhecimento da população e a estagnação econômica se conectam — e por que esses fatores colocam em risco o futuro de uma das maiores potências do mundo.
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6 Comments
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👀🤔
Bem analisado este vídeo,ótimo explicação.Mas compreender por que isso ,teremos que observar como eles se vêem como Auto imagem cultural,e inteligência de auto sobrevivência…Criaram libertações mas não conseguem ser autônomos pois estão presos na armadilha americana que os domina de todas as formas
Muito interessante e importante esse breve resumo sobre o Japão! E a China está começando a entrar em algo parecido no que tange ao decrescimento da população, pelo menos.
Mnn tira os ruídos dos seus vídeo, seu vídeo é muito bom, tira só um pouco do seu vídeo que vai ficar perfeito!! Sucesso mnin
Sugiro o documentário" Os principes do Iene", vai bem na realidade da crise japonesa e expõe o verdadeiro motivo.